Compreensão da Adaptação Humana ao Stress

Compreender a adaptação humana a situações de stress é uma das questões mais desafiantes e relevantes que se coloca ao estudo do comportamento humano, dadas as repercussões significativas do stress, quer a nível individual e familiar, quer a nível organizacional e social.

O MODELO INTERATIVO DE ADAPTAÇÃO AO STRESS

O Modelo Interativo de Adaptação ao Stress (Gomes, 2014) sugere que a adaptação humana em situações de stress implica considerar a INTERAÇÃO entre a situação e a pessoa, ou seja, a capacidade das pessoas gerirem o stress depende das exigências (internas e externas) a que estão sujeitas e do modo como avaliam e reagem a essas exigências. Nesta interação entre exigências e capacidades importa considerar quatro fatores:

1. Situação de stress

Acontecimento, propriamente dito, que desencadeia os esforços de adaptação por parte do indivíduo. A situação de stress pode causar desajustamento da estabilidade das pessoas devido a, pelo menos, cinco características que podem transformar uma dada situação num momento potencialmente stressante: 1) novidade: a situação tem potencial gerador de mudança devido ao facto da pessoa não a conhecer; 2) imprevisibilidade: a situação tem potencial gerador de mudança devido a ocorrer em circunstâncias inesperadas; 3) complexidade: a situação tem potencial gerador de mudança devido a implicar modos de funcionamento cognitivo e/ou físico complexos; 4) ambiguidade: a situação tem potencial gerador de mudança pelo facto de não possuir critérios claros e objetivos sobre aquilo que é esperado; e 5) incerteza: a situação tem potencial gerador de mudança pelo facto de não permitir antecipar, com a razoabilidade possível, o impacto produzido no bem-estar da pessoa nem permitir prever o desfecho final.

Os fatores pessoais também podem exacerbar ou amortecer os potenciais efeitos da situação de stress na pessoa (ex. idade, personalidade etc.).

2. Processos de avaliação cognitiva

Os processos de avaliação cognitiva representam um elemento chave na compreensão da adaptação ao stress. Ou seja, o modo como as pessoas avaliam e se confrontam com as exigências colocadas pela situação de stress pode fazer a diferença entre uma adaptação positiva ou negativa ao acontecimento stressante.

A avaliação cognitiva é identificada por, pelo menos, cinco fatores: 1) importância: a situação é avaliada pela pessoa como relevante, em termos dos seus valores, crenças e princípios de vida; 2) ameaça: a situação é avaliada como perturbadora e negativa para o bem-estar e funcionamento da pessoa; 3) desafio: a situação é avaliada pela pessoa como estimulante e entusiasmante do ponto de vista pessoal; 4) potencial de confronto: a avaliação que a pessoa faz dos seus recursos e capacidades para lidar com as exigências da situação; e 5) controle: a avaliação que a pessoa faz sobre o seu poder de decisão e controle sobre a situação.

3. Reações à situação de stress

Em termos de respostas à situação de stress, o modelo propõe uma diferenciação das respostas ao nível psicológico (ex: ânimo ou desânimo, pessimismo ou otimismo, tristeza ou alegria, motivação ou desmotivação etc.), ao nível fisiológico (respostas cardiovasculares, bioquímicas e gastrointestinais) e ao nível comportamental (ex: impulso para a ação, evitamento da situação, rotinas de vida, etc.).

4. Resultado adaptativo

O resultado adaptativo depende da interação pessoa e situação de stress, sendo influenciado pelos fatores expostos anteriormente. Ou seja, sempre que existe um “bom” equilíbrio entre as exigências da situação e as capacidades das pessoas, a adaptação ao stress é tendencialmente positiva; sempre que existe um desfasamento entre as exigências e as capacidades, então aumenta a probabilidade de adaptação negativa ao stress.

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