O Modelo da Eficácia da Comunicação (Gomes2019) sugere que os processos comunicacionais se iniciam quando a pessoa avalia um evento de desequilíbrio como excedendo o seu nível ótimo de funcionamento, gerando tensão no funcionamento humano. As quebras no funcionamento ótimo levam a pessoa a adotar estratégias comunicacionais (esforços adaptativos) para lidar com as exigências do evento de desequilíbrio, visando restabelecer o seu equilíbrio. Assim, e de acordo com este modelo, a comunicação resulta das iniciativas, verbais ou não verbais, de cada uma das partes envolvidas no processo comunicacional, que visam restabelecer o nível ótimo de funcionamento.

EVENTO DE DESEQUILÍBRIO

O evento de desequilíbrio refere-se ao acontecimento, propriamente dito, que desencadeia os esforços de adaptação (i.e., comunicação) por parte do indivíduoO evento potencia processos comunicacionais se for avaliado pelas partes como importante, gerador de tensão, suscetível de impelir a intenção de mudança e como sendo gerador de dinamismo comunicacional. 

O evento deve possuir potência suficiente para provocar desequilíbrio no funcionamento da pessoa e, com isso, despertar uma necessidade humana, nomeadamente de:

1) preservação: deriva do sentimento de condicionamento à existência, real ou simbólica, da pessoa;

2) segurança: deriva de sentimentos de proteção, estabilidade, controle e previsibilidade da pessoa;

3) identificação: deriva de sentimentos de aceitação e relacionamento positivo com os outros; e

4) realização: deriva do desejo de congruência entre o “plano existencial ideal” e o “plano de vida real”, em termos das ideias, expectativas e desejos de vida da pessoa.

O evento pode ainda ocorrer em níveis distintos, desde o individual, grupal, equipa, organizacional, comunitário e societal.

PESSOA | NÍVEL ÓTIMO DE FUNCIONAMENTO

O evento de desequilíbrio gera quebras no nível ótimo de funcionamento e consequente tensão no funcionamento humano. As quebras no nível ótimo de funcionamento decorrem da instabilidade nas necessidades humanas provocadas pelo evento de desequilíbrio, com potência suficiente para uma interação comunicacional.

AVALIAÇÃO COGNITIVA

A tensão no funcionamento humano decorre dos processos de avaliação cognitiva (significado pessoal atribuído pela pessoa ao evento) da pessoa envolvida no processo comunicacional e resulta das alterações, mais ou menos conscientes e mais ou menos intensas, ao nível cognitivo, somático e comportamental, decorrentes do evento de desequilíbrio.

ESFORÇOS ADAPTATIVOS

As quebras no funcionamento ótimo levam a pessoa a adotar esforços adaptativos (estratégias comunicacionais) para lidar com as exigências do evento, visando o restabelecimento do seu equilíbrio. No caso da comunicação, os sistemas de interação humana assumem distintas formas de expressão pessoal, desde a verbalização direta até verbalizações por meios indiretos (ex. telemóvel, redes sociais, etc.). Os esforços adaptativos para lidar com as exigências do evento dependem de variáveis pessoais, psicológicas, sociais e situacionais.

Assim, e de acordo com o modelo, a comunicação resulta das iniciativas, verbais ou não verbais, de cada uma das partes envolvidas no processo comunicacional, que visam restabelecer o nível ótimo de funcionamento.

O processo comunicacional é, assim, aferido por um conjunto de comportamentos comunicacionais, que podem ser entendidos pelo propósito subjacente à comunicação (significação pessoal), pela iniciativa comunicacional (espontânea ou reativa), pelo impacto no processo comunicacional (abordagem positiva ou negativa), e pela tipologia comunicacional (perfil comunicacional positivo ou negativo).

RESULTADO RELACIONAL

Por último, o resultado relacional identifica os resultados alcançados com o processo comunicacional, podendo originar alterações desde neutras a substantivas no relacionamento interpessoal (i.e., cognitivas, afetivas e comportamentais), numa ou em ambas as partes, tanto no sentido desejável como indesejável.


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Autoria
Anabela Esteves

3 Thoughts on “Modelo da Eficácia da Comunicação”

    • Olá novamente! Se quiser ler mais sobre o assunto, pode aceder ao artigo “Gomes, A. R., Almeida, A., Resende, R., & Morais, C. (2020). Coach-athletes communication: Data from the communication behaviors evaluation system. Journal of Sport Pedagogy & Research, 6(1), 51-61.” disponível aqui

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