Ao longo do último ano, o contexto da saúde tem sido excessivamente exigente para os profissionais e para os utentes que dele necessitam. A pandemia COVID-19 impõe diariamente, de forma incessante, novos desafios às organizações de saúde, aos serviços de saúde pública e ocupacional e, claro, aos políticos e órgãos de governo que têm de negociar a adoção de comportamentos de saúde nos mais diversos contextos, grupos e perante a população em geral.

No entanto, convencer as pessoas sobre a necessidade de adotarem comportamentos de proteção pessoal perante o risco de contágio está longe de ser uma tarefa fácil. Esta dificuldade deve-se, sobretudo, ao facto das pessoas terem visões distintas do que é “gravidade da doença” e do que é “vulnerabilidade pessoal à doença”. De facto, quanto mais as pessoas acreditarem que a doença é real e efetiva e quanto mais acreditarem que estão expostos à contaminação, mais predispostas estarão para adotar comportamentos de saúde. Inversamente, quanto mais as pessoas acreditarem que a doença é uma “construção exagerada ou fantasiosa” para limitar a liberdade de cada um e quanto mais acreditarem que dificilmente contrairão a doença, menos predispostas estarão para adotar comportamentos de saúde.

Se este é o cenário, então…

Quais as implicações comunicacionais para quem tem de sensibilizar a população para os comportamentos de saúde e prevenção da COVID-19?

A principal implicação é que a comunicação tem de se adaptar a estas formas distintas de avaliar e lidar com a doença, sem, no entanto, perder a consistência e objetividade necessárias. Na prática, isto pode implicar que as mensagens a difundir junto da população devam possuir duas características particulares. Por um lado, é necessário difundir mensagens numa versão mais positiva e otimista, dirigidas às pessoas que acreditam na necessidade dos comportamentos de segurança e proteção perante a doença, transmitindo-se a ideia de que, com a sua persistência, a pandemia será ultrapassada, fomentando-se assim o otimismo e a esperança. Por outro lado, é necessário difundir mensagens numa versão menos positiva e otimista, tornando-se evidente o conjunto de consequências (pessoais, sociais, legais e económicas) que advêm da desconsideração das normas de segurança e dos comportamentos de segurança, fomentando-se assim a perceção de risco não à doença (pois isto está pouco “afetado” nestas pessoas) mas sim às consequências negativas associadas ao não cumprimento das normas estabelecidas.

Pode-se, deste modo, assumir que existem duas abordagens no processo de comunicação dos comportamentos de segurança: uma abordagem positiva que estimula o melhor de cada uma das pessoas e uma abordagem negativa que estimula a correção e prevenção dos comportamentos de risco de cada uma das pessoas, tal como proposto pelo Modelo da Eficácia da Comunicação. Estas abordagens possuem consequências evidentes nas relações interpessoais, pois a abordagem positiva está mais próxima de promover o desejo de sucesso e realização nas pessoas (por isso, é importante adotar comportamentos de proteção pessoal perante a pandemia para fomentar o bem-estar), enquanto a abordagem negativa está mais próxima de promover o desejo de evitar o fracasso e o medo de falhar (por isso, é importante adotar comportamentos de proteção pessoal perante a pandemia para evitar sentir mal-estar). Ou seja, ambas as abordagens podem atingir o mesmo fim (estimular comportamentos de saúde), mas seguem vias muito distintas para lá chegar. E são ambas necessárias em tempos de pandemia? Bom, isso fica ao critério do seu bom julgamento!


Se quer ver como isto funciona 🙂

A Escola Competências de Vida propõe um programa de Promoção da Eficácia da Comunicação (Pro•Interagir) que consiste num projeto de treino de pessoas que necessitam de interagir positivamente para maximizarem a sua eficácia num dado contexto de vida, com base num Modelo da Eficácia da Comunicação e numa estratégia formativa que lhe permite treinar e desenvolver um plano pessoal para implementar com a sua equipa/contexto.


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Autoria
Clara Simães
Rui Gomes

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