A maioria da população mundial não pratica exercício físico (EF) ou pratica numa frequência muito reduzida, apesar do conhecimento geral sobre os seus efeitos positivos ao nível físico e mental (Maddux & Dawson, 2014; Weinstein, Lydick, & Biswabharati, 2014).O que explica isto? Em primeiro lugar, é fundamental compreender que fatores poderão explicar a prática de exercício físico, sendo que os fatores psicológicos possuem um papel determinante (Buckworth, Dishman, O’Conner, & Tomporowski, 2013; Mistry, Sweet, Latimer-Cheung, & Rhodes, 2015). Um dos fatores psicológicos decisivos no fenómeno da prática de EF é a intenção de prática de EF (IPEF). Esta variável refere-se à convicção que uma determinada pessoa possui sobre poder desempenhar um certo comportamento, e quanto maior a intenção, maior será a probabilidade de este ser executado (Ajzen, 1991; Armitage & Conner, 2000).

Então, que importância tem a IPEF nos estudos científicos?

Vamos ver. A IPEF tem sido um dos melhores preditores do comportamento de EF (Mohiyeddini, Pauli, & Bauer, 2009; Norman & Conner, 2005; Wang, 2011), isto é, um dos fatores que melhor explica o facto de as pessoas se exercitarem. É possível também verificar o seu poder preditivo em dois fenómenos distintos, nomeadamente na perceção subjetiva do comportamento de EF (ex. dizer que estou a praticar) e no comportamento objetivo (ex. registos objetivos de prática) de EF (Gomes, Morais, & Carneiro, 2017).

Que problemas existem? Infelizmente, as teorias sobre o fenómeno do comportamento de EF não conseguem explicar totalmente a relação entre a intenção e o comportamento subsequente de EF (Biddle & Mutrie, 2008). 

Este problema, conhecido na literatura internacional como “intention-behavior gap”, refere-se à diferença existente entre a intenção manifestada pelas pessoas em fazerem exercício e a ocorrência efetiva do comportamento de EF. A investigação tem demonstrado maior capacidade para explicar a intenção de prática de EF do que o comportamento efetivo de EF, ou seja, os fatores psicológicos explicam melhor a IPEF do que a conversão no comportamento efetivo de EF (Mohiyeddini, Pauli, & Bauer, 2009; Sheeran, 2002). Um dos fatores que pode ajudar as pessoas a transformarem as suas intenções de EF em comportamentos efetivos de EF é estabelecerem planos de ação específicos, definindo muito bem o contexto, o tipo, a frequência e a duração da prática de EF, aumentando-se assim a possibilidade de atingirem os benefícios conhecidos da prática de EF e a adoção de um estilo de vida mais saudável. 

Este tema do “intention-behavior gap” tem interessado os temas de investigação do grupo ARDH, com alguns trabalhos nesta área (ver publicações aqui e eventos aqui).

Boas intenções e bons treinos! Para mais informações, visite o nosso site!


Autoria
Luís Carneiro

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