Kobe Bryant, considerado por muitos um dos melhores jogadores de basquetebol de sempre, recorda um episódio quando, em criança, a sua equipa perdera um jogo e ele próprio ficara aquém dos seus objetivos:

“Lembro-me de chorar por causa disso e ficar chateado e o meu pai apenas me deu um abraço e disse:

‘Ouve, quer marques 0 ou 60 [pontos], eu amo-te, não importa o que acontecer.’”

Andre Agassi, antigo nº 1 do Mundo no ténis, recorda os treinos com o pai, aos 7 anos:

“O meu pai grita tudo duas, às vezes três, às vezes dez vezes.

Nada o deixa com mais raiva do que eu jogar uma bola contra a rede. Ele espuma pela boca…”

Ambas as situações exemplificam a influência que o comportamento parental pode ter nos atletas, a curto e longo-prazo, no seu rendimento em competição e no seu bem-estar emocional. É, por isso, fundamental fornecer aos pais indicações claras para que possam adotar atitudes facilitadoras do desenvolvimento positivo dos filhos, em conjunto com treinadores e outros agentes desportivos.

Assim sendo, como podem os pais apoiar os filhos nas suas atividades desportivas, envolvendo-se sem interferir negativamente no processo de treino e de competição? Eis sugestões:

Antes da competição:

  • Verificar se está tudo pronto para a competição, ao nível dos horários, materiais necessários, documentação, etc.
  • Encorajar e incutir confiança sobre as capacidades e nível de preparação do filho para abordas exigências da competição
  • Evitar fornecer instruções, reforçando a necessidade de o atleta abordar estes aspetos com o treinador

Durante a competição:

  • Criar um ambiente propício ao bom rendimento, reforçando os bons comportamentos do filho
  • Evitar destabilizar e discutir com outras pessoas, seja dentro ou fora do recinto de competição
  • Evitar dar demasiada atenção ao atleta

Após a competição:

  • Dar espaço e tempo para o atleta processar o jogo
  • Avaliar e refletir com o atleta todo o jogo, permitindo que o atleta fale de modo aberto sobre os aspetos positivos e a melhorar no futuro
  • Assegurar que o atleta se mantém confiante para o futuro

O apoio que os pais podem dar aos filhos pode ser, então, instrumental (mais pragmático, como deslocações), social (apoio nas provas, por exemplo) e, talvez mais importante, assumirem-se como um modelo de comportamentos e atitudes corretos. Neste sentido, deixamos algumas sugestões aos pais que promovem uma abordagem saudável ao desporto juvenil e, esperamos, levam a uma maior probabilidade de o desporto ser uma influência positiva no desenvolvimento de crianças e jovens:

  • Encorajar a participação desportiva
  • Perceber os objetivos do filho/a e envolver-se positivamente
  • Assegurar-se acerca das condições oferecidas pelo clube
  • Fornecer informações sobre o estado e saúde do filho/a
  • Manter o ganhar como um objetivo a longo prazo
  • Colaborar com o treinador, sem se intrometer no seu trabalho
  • Reforçar o comprometimento do filho/a no desporto e o assumir de responsabilidades
  • Reforçar a evolução, progresso e esforço e não sobrevalorizar as comparações
  • Representar um modelo positivo

Acima de tudo, importa que os jovens atletas possam ter prazer nas suas atividades desportivas, contribuindo assim para o seu bom desenvolvimento como seres humanos. Para isso, é necessário valorizar o papel dos pais em todo este processo e dotá-los de ferramentas que os ajudem a desempenhar este papel. Em conjunto com clubes, treinadores e outros profissionais envolvidos, é possível criar ambientes de treino e competição positivos, onde os atletas possam desenvolver todo o seu potencial.


Autoria
Liliana Fontes

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