Os pais (e figuras equivalentes) têm um papel determinante no crescimento dos jovens, no desenvolvimento da sua identidade, no estabelecimento dos seus objetivos, crenças e expectativas. A interação entre pais e filhos contribui para o desenvolvimento de caraterísticas de personalidade (como o perfecionismo) e expectativas relativamente à prática desportiva. Por outras palavras, o contexto familiar influencia a construção e desenvolvimento do perfecionismo dos jovens e as suas expectativas sobre o rendimento desportivo. Mas o que é isto do “perfecionismo”? Podemos dizer que o perfecionismo é um traço da personalidade que se caracteriza por uma elevada exigência de qualidade na realização de tarefas, e um olhar crítico do nosso desempenho, e dos outros, em várias áreas da nossa vida.
O perfecionismo é bom ou mau? Atualmente, identificamos duas facetas do perfecionismo: (1) Aspiração à Perfeição, um lado mais positivo, onde o jovem tem comportamentos perfecionistas por causa das expetativas elevadas e exigentes que coloca em si mesmo; (2) Reação Negativa à Imperfeição, um lado mais negativo, onde o jovem se preocupa demasiado com os erros, tem medo de que outros significativos (pai, mãe, treinador…) tenham uma má imagem de si, sentindo um desequilíbrio entre o seu rendimento e as expetativas dos outros.
Mas porque é que o perfeccionismo é importante para o rendimento desportivo? Sabemos que, quanto maior forem os níveis de aspiração à perfeição do atleta e menores as suas reações negativas à imperfeição, melhor a sua perceção de rendimento. Por sua vez, quanto menor for a reação negativa à imperfeição, melhor serão os resultados da equipa. Importa ainda perceber que estes níveis de exigência e expectativas que os jovens desenvolvem sobre si próprios (o seu perfeccionismo) são construídos também pelas suas experiências. Por exemplo, o perfecionismo parental pode influenciar o desenvolvimento do perfecionismo dos filhos, sendo que, quanto maior for a perceção do envolvimento dos pais, maior será a aspiração à perfeição do filho. Pode então concluir-se que o envolvimento dos pais influencia o rendimento dos atletas, sendo que, quanto mais positiva for a perceção do atleta do envolvimento parental, mais positiva é a perceção do rendimento individual;
Na prática, enquanto pai/mãe, como promovo um “bom” perfecionismo? O envolvimento dos pais no desporto é considerado uma grande fonte de feedback e de expectativas sobre o rendimento dos filhos, sendo que a qualidade dos comportamentos dos pais pode resultar em desfechos positivos ou negativos. Assim, para que este impacto seja positivo, é importante que os pais adotem alguns comportamentos e evitem outros, nomeadamente:
Comportamentos a adotar:
- Ficar satisfeito pelo/a filho/a praticar a atividade desportiva em si;
- Apoiar o/a filho/a independentemente do rendimento ser acima ou abaixo das expectativas;
- Acompanhar/estar presente para o/a filho/a nos treinos e competições;
- Centrar o feedback em torno do esforço e evolução em vez do resultado;
Comportamentos a evitar:
- Criticar o filho, se tiver um mau resultado desportivo;
- Mostrar desagrado quando o filho tem um mau rendimento/rendimento abaixo das expectativas;
- Impor expectativas irrealistas ao filho;
Assim, os pais devem refletir sobre o seu comportamento e como este vai ser interpretado pelo/a jovem, pois o seu envolvimento irá influenciar as expectativas que o/a jovem tem sobre si mesmo/a e o seu rendimento. Da mesma forma, os pais devem estar atentos à reação dos filhos quando estes erram, e procurar ajudá-los a desenvolver estratégias para lidar com o medo de falhar ou com a preocupação excessiva, procurando sempre ajudar a promover o bem-estar (físico e mental) do/a atleta recorrendo, se necessário, à ajuda de um profissional (psicólogo).
Leituras adicionais
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